Reflexões Acemistas – José Luiz Pereira da Costa

Este é o primeiro texto que publicamos nesta nova área de conteúdo da ACM-RS – trata-se de pensamentos e conteúdos escritos por líderes de nossa organização que possam servir de inspiração para o trabalho que realizamos e para o entendimento de nossa missão. O texto de hoje é um devocional lido pelo 2º vice-presidente da ACM-RS, José Luiz Pereira da Costa, durante a solenidade de inauguração da nova fachada do Cemitério Ecumênico João XXIII, em 29 de outubro de 2019. Segue o conteúdo:

Devocional é uma palavra antiga nas ACMs, pois significa que, ao se iniciarem os nossos trabalhos, eles começam com um momento de reflexão, algo que contribua de alguma forma para o melhor andamento daquele encontro, daquela reunião.  Assim fazemos há 175 anos em inúmeros países do mundo.

Mas devocional, que vem de devocionário, este um livro de orações, é basicamente o princípio que fundou a ACM em Londres – a devoção de reunir jovens, de ampará-los na eclosão da Revolução Industrial, quando migravam dos campos para Londres, em busca de trabalho. Não encontravam muitas vezes trabalho e tampouco um lugar onde ficar. Se lhes faltavam ainda um amparo espiritual, deixado em suas famílias distantes ou suas comunidades interioranas. A ACM nascia assim como um órgão, que hoje seria chamado de ONG, cuja finalidade era reunir esses jovens para participar de sessões de leitura da Bíblia e das Sagradas Escrituras, e ter um canto para ficar – numa pousada com fé.

Nossa ACM, da antiga Rua Pantaleão Teles, reduto de meretrício na época – mas Jesus não tem preconceitos com estas – hoje na Rua Washington Luiz, também nasceu assim, mas já com algo mais que a pioneira de Londres oferecia – o cuidado com o físico, completando o triângulo de sua marca, Alma, Corpo e Mente.

Da Alma, a preocupação ecumênica pioneira, abrindo as portas para todos os jovens, sem perguntar religião. Da Mente, na sua Escola, a transmissão colateral ao currículo, do preparo moral e cívico. E do Corpo, em sua vocação pioneira, contou por muitos anos, com a pessoa do médico Antônio Moreno Morales, um precursor de nossa hoje gigantesca Área de Desenvolvimento Social, presente em comunidades como a Vila Cruzeiro, Restinga e Vila das Laranjeiras – espalhando solidariedade e tudo o que cabe no sentido desta palavra.

Tem um adágio na cultura anglo-saxã que diz que se deve, quando possível, espalhar caridade, mas de forma institucional.

É o que faz hoje a ACM, dos recursos gerados por suas unidades da Área de Necrópoles, com o João XXIII, que hoje se apresenta à sociedade para outros cinquenta anos de garantidor das nossas obras sociais, o Cemitério das Araucárias, em Canela e a unidade Crematório. A palavra caridade pode parecer politicamente incorreta, e Jesus, dizem os estudiosos do Evangelho, nunca a pronunciou, mas a verdade é que, se escolha outro nome, como solidariedade, pois institucionalizamos nossa dádiva, solidariamente cooperando com um mundo melhor e mais igual.

Foi, sem dúvida, um momento de fé, de doação e de puro espírito cristão que alguns homens, num passado distante de meio século, aceitaram uma parceria para a implantação de um novo cemitério em Porto Alegre, com a característica de ser ecumênico. Era o primeiro, em meio a cemitérios de várias designações religiosas. Esses homens, e todos os demais, que ao longo dos anos, no Conselho do Cemitério, semanalmente se reuniam para gerir o empreendimento, davam de si, para atender aos necessitados. E fizeram tão bem, que erigiram um novo cemitério que hoje, na véspera do cinquentenário, se prepara adequadamente para os desafios de mais cinquenta anos, como nas coirmãs de fala inglesa, doando institucionalmente.

Este o espírito da Associação Cristã de Moços, este um modesto conjunto de pensamentos, como são os nossos devocionais.

Vida longa para o Cemitério João XXIII, sempre inserido na comunidade, da forma mais ampla e assertiva.

José Luiz Pereira da Costa
2º vice-presidente da ACM-RS