Baby conquista bronze e Brasil quebra recorde de medalhas no judô

Seleção brasileira consegue cumprir meta estabelecida pela CBJ antes das Olimpíadas


Foram sete dias e 14 judocas em busca de quatro medalhas, número mágico estipulado pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) antes das Olimpíadas de Londres 2012. Quatro medalhas seriam suficientes para superar o recorde anterior da modalidade numa edição de Jogos. Como o coordenador técnico Ney Wilson gosta de dizer, havia bastante “munição” para atingir o alvo. Pois foram necessárias todas para isso. A meta, enfim, foi cumprida nesta sexta-feira, 3 de agosto, na última categoria disputada, quando Rafael Silva, o “Baby”, conquistou o bronze entre os pesos-pesados (acima de 100kg).

O sul-mato-grossense Baby venceu Kim Sung-Min, da Coreia do Sul, para assegurar a medalha histórica, a primeira do país em sua categoria. O feito veio com doses extras de tensão: Rafael Silva foi ao golden score (três minutos de morte súbita) em suas quatro últimas lutas; na que valeu o bronze, venceu por yuko, pontuação mínima do judô, graças ao acúmulo de shidos (advertências) contra seu adversário.

A luta começou estudada, com ambos os judocas trocando toques embaixo sem arriscar entradas por mais de um minuto. Kim tentou a primeira queda, com um seoi nage, mas nem tirou o brasileiro do chão. Baby girava, tentava um toque aqui, outro ali, para desestabilizar o sul-coreano. O o-soto-gari, eficaz nas primeiras lutas do dia, foi bem defendido pelo adversário. O tempo passava, e nenhum dos dois pontuava, nem levava punições. O primeiro shido, para ambos, veio apenas com 1m35s restando.

Kim passou a ser mais ativo, tentando provar aos árbitros que estava tentando. O o-soto-gari de Baby foi novamente bloqueado. Na tentativa de um contragolpe, o sul-coreano desequilibrou o brasileiro, que girou para não cair. Em seguida, os papéis se inverteram: Rafael derrubou, e Kim girou, como um gato. Mais alguns segundos de tentativas frustradas e Baby voltou ao golden score, pela quarta luta consecutiva.

O brasileiro quase encaixou um o-soto-gari a 2m30s do fim, mas Kim se defendeu novamente. Outra tentativa falhou por pouco em seguida. O sul-coreano não queria luta. O árbitro central interrompeu com 1m47s para o fim, chamou os auxiliares e pediu para os judocas ajeitarem seus quimonos. Era o sinal de que viria a punição. Após segundos de tensão, a confirmação: shido para Kim, somando um yuko para Baby e garantindo o bronze inédito para os pesos-pesados do Brasil.

Com quatro medalhas, a seleção brasileira de 2012 superou os desempenhos de Los Angeles 1984 (uma prata e dois bronzes) e Pequim 2008 (três bronzes) para se tornar a mais vitoriosa em Olimpíadas. Além de Baby, Felipe Kitadai (peso-ligeiro, até 60kg) e Mayra Aguiar (peso-meio-pesado, até 78kg) levaram bronzes, e Sarah Menezes (peso-ligeiro, até 48kg) conquistou o único ouro da campanha. Ney Wilson, que estipulou a meta, confessou nervosismo e apreensão nos momentos decisivos. Ele não conseguiu assistir à luta na arquibancada e viu a vitória de Baby na área de atletas.

Fonte: www.globoesporte.globo.com/olimpiadas

Rafael Silva morde a medalha de bronze (Foto: Reuters)

Confira a foto de Baby vibrando com a conquista da medalha de bronze (Foto: AFP)